Fundamentação:
Há duas linhas cristão-evangélicas de ver a Bíblia: 1) como única regra de fé, e; 2) como a primeira regra de fé.
A primeira opção é tradicionalmente a mais conhecida e aceita na comunidade cristã evangélica, mas eu respeito à segunda desde cedo, na minha trajetória cristã desde que nasci, ao ver como o literalismo tem distorcido a palavra de Deus para fazer que ela diga o que cada denominação, doutrina ou seita quiser.
Em definitiva, quando cremos que a Bíblia é a primeira regra de fé, incluímos toda ela como única regra de fé, porém, lendo-a e interpretando-a como se deve, desde a mente de seu autor, Deus. Enquanto que quando defendermos a teoria de que ela é a única regra de fé, logo não conseguimos vê-la senão como um livro de regras e não de vida.
Ver e interpretar a Bíblia como a primeira regra de fé, é como ter nela mesma um dispositivo implícito que dispara a verdade automaticamente, validando a origem, seu contexto e sua finalidade justa como a outra posição não pode expô-la sempre e de maneira inequívoca e congruente.
A posição leitora e
interpretativa errada, gera outra religião no mesmo nível que as demais,
certamente melhor, mas ainda perfaz um caminho humano focado no exterior, nos
comportamentos, muito mais que no interno e no essencial, espiritual, e
concomitante com a mente divina do autor da Bíblia. Nada é suficiente com a interpretação literal do texto; tem que haver revelação e espírito além do exercício puro da alma.
Jornada da Paternidade de Deus em seu aspecto gerador e seu aspecto da fé:
Deus Pai é pai, enviou a seu unigênito para que gerasse mais filhos para Ele, por tanto, Jesus é Pai na terra. Logo, quando ele está para subir ao Pai, diz aos seus discípulos “não lhes deixarei órfãos”, o que implica dizer que o Espírito Santo agora é nosso Pai. Logo, 2 Coríntios 3. 1-3 retrata no 3 “Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração”. Quando um pecador nasce de novo de verdade, aconteceu que “nós” (Paulo e Timóteo – 1. 1) escreveram, que é o mesmo que gerar, usando ao Espírito Santo, ou o Espírito Santo usando ao apóstolo Paulo e ao apóstolo auxiliar ou pastor ou evangelista Timóteo.
Trata-se de dois aspectos: Deus gera filhos. Seus filhos podem gerar fé. O primeiro caso é filiação genética. O segundo é geração de posse da herança. É como um filho herdeiro que se sabe verdadeiro, no entanto, se desviou, perdeu-se e agora a Justiça demanda provas para que ele possa se apresentar a tomar posse do que lhe pertence. Noé foi pregador de Justiça. Ezequiel 14. 14 diz: “Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor DEUS” e no 20: “Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nem um filho nem uma filha eles livrariam, mas somente eles livrariam as suas próprias almas pela sua justiça”.
O Novo Testamento é incisivo em mostrar que a justiça judaica só servia para livramento de almas individuais, enquanto que a Justiça que vem da Fé de Cristo, nos justifica de graça, e mui apesar de nossos pecados. Não em vão embora no Antigo Testamento ser “filho de Deus” não requeria um novo nascimento mas, chegando o Novo, a ênfase está no novo nascimento pela graça e a fé de Deus.
O título "Filho de Deus" é frequente no Antigo Testamento. Os semitas usavam a palavra "filho" para denotar não apenas a filiação, mas qualquer outro relacionamento próximo ou íntimo. Assim, "um filho de força" era um herói, um guerreiro; um "filho da maldade", um homem mau; "filhos do orgulho", animais selvagens; "filho da posse", um possuidor, "filho da promessa", um refém; "filho do relâmpago", um pássaro rápido; "filho da morte", um condenado à morte, "filho de um arco", uma flecha; “filho de Belial”, um homem mau: “filhos dos profetas”, discípulos dos profetas, etc. O título "Filho de Deus" era aplicado no Antigo Testamento às pessoas que tinham uma relação especial com Deus. Os anjos, os homens justos e piedosos, descendentes de Sete, eram chamados de "filhos de Deus" (Jó 1,6; 2,1; Sal. 89(88),7) De modo semelhante, foi aplicado aos israelitas (Dt 14,1), e a Israel como nação; lemos: "E você dirá a Faraó: Assim diz Javé: Israel é meu filho, meu primogênito. E eu lhe disse: 'Deixe meu filho ir para que ele possa me adorar. (Êxodo 4,22-23). E no Novo Testamento Jesus Cristo chama aos judeus que não criam no Cristo do Tanaj de “filhos do Diabo”. Todas estas menções descrevem um tipo de filhos que não tem muito a ver com a genética de Deus, senão como o modo de cada um crer em Deus.
Dai que no Novo Testamento Paulo se apresenta como pai espiritual de Timóteo e de Tito, como “filhos na fé”, não pela genética. Todos os cristãos podem ser pais espirituais quanto à Fé de outros que chegaram à Fé de Jesus por eles, mas isto não elimina a verdade central de que todo renascido só é filho de Deus pelo novo nascimento operado soberanamente por Deus.
Quando aparecem presuntos corretores das verdades bíblicas condenando os enganadores dentre nós, não fazem favor à verdade e à Igreja porque enfrentam o engano de outros, pelo próprio engano de sua hermenêutica literalista errada. Nem prestam atenção à Thiago 3. 1 que diz: “muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo”, e às palavras de Jesus em João 5. 39-40 em que prioriza ao autor da Bíblia antes que às letras nela.
É absolutamente equivocado, perigoso e até inútil interpretar a Bíblia desde o mau uso feito dela na prática distorcida dos falsos obreiros e infiltrados na Igreja com a filosofia da Nova Era, do Anticristo.
Dai que o Espírito Santo me moveu a lançar esta reflexão mínima acerca da Paternidade nas igrejas atualmente. Desde o início na temática, que fique claro que só Deus gera filhos, mas, que todo pregador genuíno da genuína fé de Deus, se constitui para os novos crentes e discípulos “pai na fé” deles. Tal paternidade, embora chamada Benei Mitzvá, que significa “filho da lei”, no Judaísmo vigorava até os 12-13 anos de idade. Foi nessa idade que Jesus se declarou filho de Deus. Tomando este caso, Paulo escreveu aos gálatas em 3. 23-4. 7 exatamente o modelo de paternidade que ele exercia e nós também podemos exercer.
Nem a paternidade humana responsável e nem a paternidade espiritual na fé, de principalmente evangelistas, pastores, pastoras, bispos, bispas e apóstolos pressupõem autoritarismo sobre os circunstancial e temporariamente filhos. A paternidade humana deveria ser o maquete visível da paternidade espiritual, mas escasseia. Por um lado, quase automaticamente os mesmos filhos nos avisam que eles já podem se mandar sozinhos, mas por outro lado, desde muito cedo o fator “éramos filhos de ira e desobediência” revolta aos filhos biológicos e na fé a qualquer momento, e muito mais onde haja autoritarismo. Nenhum erro ou exagero humano deve desvalorizar e anular a paternidade espiritual, assim como ninguém se privaria de fazer filhos por causa dos maus pais. O literalismo exegético da maioria, gera o radicalismo e o fundamentalismo paralisante da Palavra de Deus, tirando-nos do Caminho da Vida para uma religião. Primeira Tessalonicenses 5. 12-13 é enfático em recomendar aos filhos na fé honrar aos seus “pais” espirituais; ainda mais, a frase “que lhe tenhamos em muita estima” originalmente no grego é “e que os reverenciem”, da onde sai a ideia de chamar aos pais espirituais mais puros, verdadeiros e excelentes de “Reverendos”.
Ap. Tito Berry
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